Brancas, suaves mãos de irmã
Que são mais doces que as das rainhas,
Hão de pousar em tuas mãos, as minhas
Numa carícia transcendente e vã.
E a tua boca a divinal manhã
Que diz as frases com que me acarinhas,
Há de pousar nas dolorosas linhas
Da minha boca purpurina e sã.
Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;
Só eles te dirão que tu existes
Dentro de mim num riso d’alvorada!
E nunca se amará ninguém melhor;
Tu calando de mim o teu amor,
Sem que eu nunca do meu te diga nada!...
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
1 comentário:
Das palavras que me dizes
Tiro o conforto que me falta
Das carícias que me fazes
Em minha mente o amor salta
Quando o falso purismo alerta
Com o desejo tu vens a correr
Quando a negação flui, desperta
Na mão insana, a marca do sofrer
Porque já não me amas
Porque não me possuis
Liberta-me desta ama
Que em consumo se traduz
Será razão para partir
Dilacerar, esviscerar meu coração
Não depende só de ti
Essa interminável paixão
Das palavras que recitas
Tiro a mentira que reside
E da verdade, onde me excitas
Retiro minha parte que em ti existe
Quero-te todo, tudo
Cem sentimentos por vezes
Por fim, de ti calado mudo
Quero as palavras que me dizes
by N@noTeC
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